domingo, 9 de dezembro de 2018

Aos amigos que nunca os foram - uma carta de despedida







S..., 09 de dezembro de 2018, em uma manhã estranha de um clima indeciso. 





Queridos (as) mestres (as) do cênico, espero que estejam todos (as) com boa saúde (o máximo que posso deseja-lhes). 

Não me vou demorar, serei breve.

Este é o meu adeus para vocês que participaram da estrada da minha vida apenas pelos motivos mais nefastos, desaguando assim nas baías mais profundas do fingimento, ingratidão e descompromisso. É chegada a hora de retirá-los (as) definitivamente dos meus pensamentos e reflexões sobre a negra alma humana. 

Após esses anos de convivências, desconvivências, reaparecimentos e posteriores desaparecimentos, a verdade não tardou a aparecer, pela boca daqueles (as) que vocês menos imaginam. Pelo que pude apurar, seus (suas) algozes disseram-me, enfaticamente, que nossos relacionamentos (de naturezas variadas) foram mais um nome na lista, daquelas quantitativas, que é usada pela falta de algo mais interessante. Soube também das suas artes no campo da esperteza e de conseguirem feitos inimagináveis para suas limitadas capacidades simplesmente por fisgarem as pessoas certas. Parabenizo-os (as) por isso, pois a dissimulação não é mesmo para todos. 

Bem... Espero que nossos caminhos nunca mais cruzem-se. Seria, para mim, muitíssimo desconfortável olhar seus rostinhos tão dóceis e angelicais (e enganadores tal como Satã). O que posso dizer é que, uma vez, depositei-lhes muita fé e que, agora, minha boa opinião foi perdida para sempre. Não há reparação. 

E é desse modo que nossas vidas caminharão daqui para frente e, do fundo da minha alma, desejaria muito apagá-los (las) das minhas lembranças. Entretanto só posso enterrá-los (las) no fundo da minha mente e é exatamente isso que faço neste momento.

A única coisa que peço é que o destino trate de não nos reunir em outra vida. 

Estou pegando o trem de volta para encontrar-me longe de todos (as) vocês, anunciadores (as) da desilusão, iconoclastas das boas intenções e semeadores (as) das ervas daninhas. 

Até um breve inexistente. 

Com todo o escárnio,

T.S. Frank


terça-feira, 20 de novembro de 2018

Das paixões e seus substratos

Merry-Go-Round, 1916, de Mark
Gertler. Tate Britain.
"A mulher apaixona-se através de seus ouvidos e o homem através de seus olhos." (Knowing that women fall in love through their ears and men through their eyes. Confessions of an optimist‎ - Página 186, de Woodrow Wyatt - Publicado por Collins, 1985 - 364 páginas.)

É mais uma dessas tardes abafadas e mórbidas passadas excepcionalmente em minha casa. Estou mergulhada em um tédio abissal e minha alma reclama insistentemente pela falta das figuras apaixonantes, dignas de olhares e desejos secretos. É, de certa forma, preocupante chegar à conclusão de que, mesmo mergulhada neste cotidiano jovial e vivaz, meus olhos padeçam pelo desnudar pulverizante de corpos quando estes mesmos abrem a boca. É como se toda a animação fosse estrangulada e deixada numa cena odiosa de um crime sanguinolento. 

Então lembrei-me dessa frase acima do britânico Woodrow Wyatt (1918-1997) e que caiu tão bem nessa situação como luvas de seda feitas sob medida. 

A paixão é uma espécie de feitiço poderoso que opera distintamente entre os sexos. Os homens deixam-se levar pelas formas, contornos, e perdem-se debilmente pela beleza padrão de sua época ou por aquela dos seus sonhos eróticos. Mais tarde, quem sabe, analisam a figura de seu deleite pela ótica da ideologia e, se não houver compatibilidade, colocam-lhe fita na boca e tudo estará certo. Já as mulheres encantam-se por palavras (de uma forma ou de outra). E como elas... Assim também sou.

Os seres humanos apaixonantes e dignos de adoração fazem das palavras dentes-de-leão que flutuam suavemente no ar para depois acariciarem a pele do rosto numa tarde de verão.  E agem ardilosamente por meio de seus sorrisos cativantes, gestos sensuais levemente camuflados e discursos românticos preenchidos de cultura e forte personalidade. É através deles que renasce a esperança de que o prazer não está mergulhado na lama da vulgaridade, das extravagâncias, dos músculos, ou corpos torneados. Essas mesmas pessoas são gentis por natureza, entretanto não lhes fogem, pelo próprio egoísmo e vaidade, arroubos de superioridade, vez ou outra, que nunca passam de deliciosas e crepitantes manifestações de seus espíritos. Suas companhias preenchem os vazios da monotonia, inspiram e aceleram o coração. O amor talvez nasça dessa maneira, suponho eu. Contudo afirmo veementemente que o prazer em sua essência mais mítica é alcançado dessa forma.

E assim a vida torna-se um moinho de vento, esperando sempre a próxima lufada para continuar a movimentar-se. E é aí que mora o grande perigo, pois as paixões desse tipo não produzem apenas felicidade, satisfação e êxtase. Essa equação também fornece suas impurezas: tristeza, desesperança, desilusão e saudade. Usa-se o que é nutritivo e saboroso primeiro para depois cair no abismo da abstinência.

Sim, eu estou nessa fase sombria, com todas as pessoas transformando-se em rabiscos mal desenhados, que proferem emaranhados de letras intraduzíveis e que se liquefazem ao pôr do Sol.

A solidão mais estranha é aquela que consegue, mesmo entre as multidões, impor sua presença e destruir qualquer protótipo de paixão ao mostrar avalanches de iconoclastia.

Poderia mergulhar sem restrições em um mundo mais simplista nesse quesito. Mas isso não será possível, pois fugiria de mim mesma e entraria em negação. 

Respiro um saudosismo corrosivo. Porém a vida seria tão diferente se eu aceitasse uma tola paixão? 

Muda-se o cenário, os atores... E a história continua a mesma. Não adianta enganar-se, porque a vida é cíclica como a valsa energética de um carrossel, as estrelas impossíveis de Quintana e a sentença de Wyatt. 



sábado, 3 de novembro de 2018

Canção de Ninar (Sleepsong) - Secret Garden

Dentre as preciosidades simples da vida, há, pois sim, a música. E são encantadoras as canções melódicas que embalam sonhos doces juvenis, desses que guardamos longe, e desesperançosos, da triste vida adulta. E que voltam, vez ou outra, para mostrar-nos que, apesar dos dissabores e desenganos, a vida ainda continua...

Lay down your head
And I'll sing you 

a lullaby
Back to the years
And I'll sing you to sleep
And I'll sing you tomorrow
Bless you with love
For the road that you go...

Deite sua cabeça
E eu cantarei para você 
uma canção de ninar
Voltando no tempo
E eu cantarei para você dormir
E eu cantarei para você amanhã
Abençoarei você com amor
Para o caminho que você trilhará...

(Sleepsong por Secret Garden, álbum Earthsongs/2005, 
compositores: Brendan Graham e Rolf Lovland)


sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Horizonte negro, dantesca multidão

"Os costumes são a hipocrisia das nações." (Les mœurs sont l'hypocrisie des nations - Physiologie du mariage ou Méditations de philosophie éclectique sur le bonheur et le malheur conjugal: Nouv. éd.‎ - Página 39, de Honoré de Balzac - Publicado por Charpentier, 1838 - 408 páginas)

As previsões catastróficas confirmaram-se. E não seria para menos. O mundo é governado por uma incrível roda que movimenta toda a energia ao redor de si. E, de tempos em tempos, essa força vital traz paz e quietude, amor e liberdade, para que mais tarde estejamos mergulhados nas trevas escabrosas de um brilho acetinado de toda a cretinice imunda da essência humana, travestida pela moral e os ditos bons costumes. Somos obrigados a presenciar o desvelar das minúcias patéticas de pessoas extremamente religiosas, gananciosas e que tentam expiar seus próprios pecados através de mentiras que assustariam até mesmo o pobre diabo.

Os velhos tempos repulsivos e letais estão de volta, banhados pelo sangue de um vermelho vivo sem precedentes. Esse mesmo vermelho que trouxe dias de glórias, o bem dos pobres e o escárnio dos burgueses. Sim, uma cor tão temida, mal interpretada, mal cuidada e mal administrada. E, mesmo assim, a teimosia não deixa-me afastada dela. Tenho sonhos, mas não mais utopias.

A História anda bem; pelo menos a minha, aquela que vou de encontro todas as tardes desse verão escaldante (e algumas manhãs também quando tenho reunião da minha bolsa de iniciação à docência). Poderia estar melhor, é claro, se meu ego não fosse tão grande e seletivo (e vaidosamente digo que é bem válido ser desse modo).

O meu descontentamento crônico faz eu sentir falta daqueles que tem a minha idade e que entendem quando falo de Simon & Garfunkel ou tomam um café comigo recomendando documentários e álbuns do Nat King Cole, por exemplo.

Padeço pela solidão da falta dos meus iguais.

A juventude não amedronta-me, porém deixa-me muito entediada.

Talvez o Sol nasça daqui para frente com um tom de laranja atômico queixoso e ponha-se levando muitas lágrimas azuis de arrependimento.

Jazem todos os bons sentimentos em covas rasas, assassinados esses por ditadores da vida alheia e das pregações divinas.

E estou aqui... Com o amargor de quem perdeu-se nessa dantesca multidão.

sábado, 6 de outubro de 2018

O sistema, a desconstrução e a desilusão resultante

"Covardia é o medo consentido; coragem é o medo dominado." (la lâcheté, c'est de la peur consentie; et le courage n'est souvent que de la peur vaincue - Nos filles et nos fils: scènes et études de famille‎ - Página 66, de Ernest Legouvé, Gabriel Jean B. Ernest W. Legouvé, Paul Philippoteaux - Publicado por Hetzel, 1878 - 346 páginas)

Hoje foi um dia de duas faces... E eu pensava nos vários acontecimentos e sentimentos estranhos que inebriavam o meu ser enquanto eu caminhava de volta para a minha casa nesse final de tarde tingido pela suavidade dos tons pastéis. 

Minha mente estava enegrecida por conta de uma desilusão extremada, cheia de um pesar melancólico e agoniante. Naquele momento, eu só conseguia engolir um pouco de café e determinar que o mundo não passava de uma aberração que levava-me a essa esperança inútil de que finalmente eu tivesse encontrado algo que valha as minhas forças. E, num golpe mortal, quando menos espero, fatos do sistema apareceram e a minha vida caiu em lamúrias por uma desgraça intelectual sem precedentes. 

Talvez eu seja apenas uma pessoa que tem, de certo modo, uma segurança desnecessária com as palavras, o que pode ser bem o meu fim e a minha desqualificação. Antes eu lidava com números, cálculos e uma infinidades de impessoalidades e restrições e isso criou-me um anseio de mergulhar em algo mais criativo. Agora, com tudo o que eu sei (mais uma vez) dos bastidores, parece que todo o meu trabalho presente e vindouro estará sempre condenado a julgamentos de primeiros e terceiros e nunca (e sem exageros!) terá uma excelência.

Estarei eternamente condenada a essa tão rápida decepção? Coloquei (sem dar-me conta) uma venda nos olhos por causa do ânimo do espírito? Assim como um vendaval que é anunciado pelas nuvens carregadas do leste e ignorado imediatamente pela beleza da imagem de seu mensageiro?

Sim, uma parcela da culpa provém da minha ousadia em achar que a maioria das críticas sobre mim são injustas ou feitas por pessoas não dignas. É da minha natureza raramente concordar em primeira instância e viver à beira do abismo do sentido contrário. Enquanto isso, os mais ressabiados tendem a escolher a estrada mais fácil do obedecer. Sim, a covardia é fruto de um medo ainda indomado e que espalha-se entre os mais jovens pela imposição dos mais experientes, donos de um certo tipo de controle. Bem sei que estou longe de conter todos os meus receios, mas alguns estão devidamente atenuados. Não temo mais as represálias que são comentadas pelos corredores. O acovardamento é deveras odioso para que eu aguente o seu peso. Entretanto salvaguarda-me põe-se necessário quando o entorno é só terror.

Eu bem queria ser um desses cavalos livres que andam pelo deserto, sem identificação, peso e conflitos aparentes; apenas vivendo o dia após dia.

Desejo não lembrar meu nome e nem mesmo quem eu sou. E essa negação de mim mesma é o pior dos desencantos, pois é o produto do maldito resquício da dominação alheia.

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Monocromia

São as madrugadas mais quentes do ano. E o estilo veraneio estabeleceu-se de forma estridente. Dizem, então, as boas e más senhorinhas que é primavera, mas cá estou a duvidar muito, pois nem mesmo vejo as tão brancas flores e muito menos as coloridas, aquelas mesmas do campo, do sertão, que brotam nas estradas da vida e do consolo das lágrimas.

Não posso estender-me muito, pois sim. Tenho muitos afazeres e toda uma carga intelectual para absorver.

Saudades batem à minha porta; de quem? Bem eu não sei ao certo. Muitos rostos foram embora. E agora as faces são muitos jovens e fora do meu próprio contexto. Lá estão todos em uma linha muito à frente do meu horizonte.

Preciso de um ídolo, uma imagem de adoração, daquelas para desejar a carne e unir o espírito, sem nenhuma amarra dessas que prendem muitos seres humanos a dogmas e preceitos que apenas afastam e deixam muito amargor.

Tudo não passa de frivolidade e falta de berço. A polidez esvaiu-se e nem uma gotícula sobrou. Ou as moças bonitas são pura perfídia ou cristalina insipiência.

E o reino dos doidivanas e lunáticos continua simplesmente o mesmo.

Entretanto... Deixo para o final uma dessas canções, que, se fosse em outro mundo, já teria dado-me uma dança ou uma boa conversa a luz do luar. Só que aquele outro homem bonito, de outrora, de rosto faceiro, foi-se e nunca mais fez-se figura.

Só resta-me mesmo o desalento e o dissabor de uma vida monocromática adiante. 




quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Boemia de todos os dias...

Estou um pouco afastada das atividades da escrita. Pois sim, são tempos um pouco trabalhosos, de andanças e mais andanças. O curso de História começou e com ele apareceram as grandes responsabilidades.

Não posso dar-me o luxo de apenas estudar como meus outros bons e jovens colegas assim fazem. Preciso trabalhar, apesar de pagarem-me bem abaixo do que espera-se. Ganhei uma bolsa para uma iniciação a Docência. Um pouco de sorte, diria você. Considero-me uma mulher que tem dois empregos e ganha o salário ínfimo de um só.

O Brasil anda muito estranho. Com essas pessoas de valores antiquados, pregando os preceitos de uma família cristã de uma fornada da Idade Média. Assusta-me mais as mulheres que apoiam um candidato que as desfavorece em tudo. Contudo o comportamento dessas não me é tão distante. Tenho um exemplo claríssimo de uma parente bem próxima. Suas atitudes refletem sua pouca autoestima e sua própria falha em manter algo que desde o começo destinava-se ao fracasso retumbante, com direito a humilhações perpétuas advindas daquele que ela diz amar. Esses tal conceito familiar serve apenas para aqueles (e bem aquelas) que têm medo de suas próprias vidas, embaçam sua percepção e tentam possuir o que não podem ter. São fracos, dados a uma ambição desmedida, cobertos de dívidas e entre outros descalabros recorrentes nesses 'cidadãos de bem' cobertos pela lama espiritual.

E assim os dias vão passando...

E sinto aquela saudade que aperta o peito arduamente. São rostos que faltam-me. Por onde andam aquelas formas que ressoavam pelos fins de tarde de vento suave e acetinado? Tem-se em mim apenas essa época sombria, de uma gente que emana ódio, pouca sabedoria e muito menos o conhecimento acerca da própria razão de ser do mundo e dos seres que aqui vivem.

Na semana que passou vi e falei com alguém que lá atrás fez parte, mesmo que muito pouco, da minha vida. Deixo aqui registrado seu jeito brejeiro único, de sorriso avassalador e uma timidez bem proposta. Não poderei nunca queixar-me dos próprios erros que cometi por julgamentos insensatos, levados, em partes, por falsas amizades, líquidas e diabólicas. Quem sabe, um dia, perdoe a mim mesma por ter deixado escapar a admiração que aquele moço bonito sentia. Porém sei, perfeitamente, que nunca mais serei digna de tal afeição novamente.

[Escuto Nelson Gonçalves]... E a minha boemia de todos os dias faz-se. E bebo (somente café, devido a minha fraqueza de saúde) a todos aqueles que um dia gostei verdadeiramente.

Desejo ver-me novamente de forma bonita. Mas custa-me acreditar em uma beleza partida de alguma parte desse corpo e mente. Entretanto, mesmo que seja uma afronta, anseio novamente por um endeusamento ingênuo, ou mesmo aquelas paixões febris, das mulheres tolas dos folhetins.

Apagou-se meu Sol minúsculo. Poderia achar outro e faltam-me forças. E agora assisto à vida dos outros... E assim resgato as lembranças de alguém que um dia eu almejei ser.

sábado, 11 de agosto de 2018

Piers Paul Read - De um livro da adolescência para a descoberta de um machista escritor

Capa de O Oportunista/1973
Não é fácil ser uma mulher. E é assim desde os tempos de Eva, Jezabel, Madalena e outras figuras do escárnio bíblico. Mesmo com o movimento feminista a todo vapor, a empatia da maioria dos homens é quase ínfima perto do que poderia ter-se a essa altura.
Eu não odeio o sexo oposto. Entretanto, ao longo dos anos, ele passou do status de delicatesse para uma figura invasiva, ávida por penetrações e satisfação do próprio ego e falo. Os homens, na grande maioria das vezes, tornam-se patéticos por pensar que são os únicos indivíduos que saciam nossos desejos. A ignorância e má vontade são seus piores inimigos.

Pois bem, já que estamos falando do machismo, cabe aqui dizer que nem mesmo a minha coleção literária escapa ilesa. É certo dizer que algumas obras favoritas cairão no limbo, empurradas pela revelação das ideologias nefastas de seus escritores.

E foi assim com Piers Paul Read e um dos livros da minha adolescência - O Oportunista (The Upstart/1973), lançado aqui lá pela década de 1980 e que só fui ler quase nos anos 2000. Ele estava esquecido até outro dia, pois o primeiro exemplar esvaiu-se com as inúmeras mudanças de casa e cidades. Contudo o saudosismo não me deixou esquecer de Hilary (um homem, pois sim!) e suas desventuras. Comprei um exemplar usado pelo site de sebos Estante Virtual. E lá fui procurar mais sobre o autor...

Piers é, antes de tudo, um católico britânico fervorosíssimo e que deixaria qualquer horda de beatos Os Sobreviventes - A Tragédia dos Andes (Alive: The Story of the Andes Survivors/ 1974) e que virou o filme Vivos (Alive/1993/Com o Ethan Hawke).
Contracapa de o Oportunista/1973
no chinelo pelo grande apego as suas convicções. Nascido em 1941, foi educado por monges beneditinos e formou-se em História por Cambridge, onde obteve também seu grau de Mestre. É responsável por

A religiosidade fanática sempre foi e será um empecilho para a aceitação de que as mulheres são iguais aos homens em intelecto, força e potencial. E são por bravatas como essas abaixo que, por mais erudita que seja a pessoa, qualquer traço de admiração por seu trabalho é mirrado:

"Você não encontra qualquer evidência de que as mulheres estão insatisfeitas com a sua condição antes do século XVIII [...]. Eu acho que as mulheres viam como ordem natural o fato de que o homem deveria ser o chefe da família, o que foi também aprendido com os ensinamentos cristãos. Por isso elas desempenhavam este papel doméstico. E eu acho que as feministas provocaram um ressentimento contra os homens que persiste até hoje." (Piers Paul Read , 18 de julho de 2010, The Guardian)

"Independentemente da teologia ou dogma, eu acho as crianças muito vulneráveis ​​e eu acho que elas são as vítimas do triunfo do feminismo à medida em que ele é parcialmente culpado pelas enormes estatísticas da separação de pessoas que não casaram. Eu diria que a educação das crianças é mais importante do que qualquer outra coisa, e eu acho que é muito difícil para as mulheres seguirem uma carreira e criarem filhos. [...] Eu não acredito que o feminismo tenha feito as mulheres felizes..." (Piers Paul Read , 03 de julho de 2010, The Guardian)

Há muito para analisar...

Livro: Os Sobreviventes
A Tragédia dos Andes/1974
Vejamos a primeira declaração. Um historiador que afirma que as mulheres antes do século XVIII estavam plenamente satisfeitas com seu papel de parideiras e gerenciadoras de refeições é de uma percepção assustadoramente idiota. Afinal, que ser humano não teria medo de, um vez colocado o seu total desgosto com sua própria condição, ser: separado dos filhos, posto em um manicômio, ter um apedrejamento moral e físico (o que acontece até hoje), entrar para a classe dos párias, além de assassinatos pela tal defesa da honra (masculina) e outras perversidades? Ele, usando muito bem a construção de argumentos para deturpar, faz de sua condição de estudioso da área um atestado de que TODAS AS MULHERES eram donas de casa por um prazer quase nirvânico. Seria bom que ele aceitasse que as feministas não provocaram sentimentos ruins contra os homens. É que a modernidade trouxe também um conceito talvez bem novo para este senhor: o direito das mulheres.

Já a segunda sentença... Meu Deus... Todos são culpados pela separação de um casal: as mulheres, o cachorro, os jornais, os livros, o remédio, a TPM, o psiquiatra, a falta de psiquiatra, menos, é claro, os homens! Como ele pode dizer que o feminismo não deixou as mulheres felizes? Isso seria mais uma vez o mansplaining do escritor gritando? Chega a ser engraçado o fato dele ignorar que as crianças não são educadas apenas pela mãe, que há um pai que tem mãos, boca e cérebro não só para espalhar sua testosterona territorial. Gostaria muito que ele falasse isso diante de todas as mulheres que criaram seus filhos trabalhando (com ou sem um pai presente) e sobreviveram bem, assim como as proles, e desempenharam um papel ótimo.

Essa tal felicidade proporcionada pelo amor e proteção dos homens parece um daqueles slogans cafonas e antiquados da antiga URSS para promover os grandes feitos da nação. Colocando minhas próprias experiências na mesa, digo que meus momentos mais infelizes e miseráveis foram ao lado de homens. Nenhum deles me proporcionou prazer algum, todos tão enfadonhos e medíocres em seus mundinhos pequenos de machos alfa. Neste ponto concluímos que boa parte deles espera de relacionamentos estáveis e casamentos, além do famoso transar para fazer filhos (porque depois vem as amantes e prostitutas), uma outra mãe, pois eles não suportam a ideia de viverem por conta própria. Isso sim pode explicar uma das origens da famigerada ordem natural das coisas.
Senhor simpático: Piers Paul Read

Depois de todo esse desvelar, pergunto-me qual será a minha reação ao olhar novamente aquele livro que devorei há tantos anos. É um tanto quanto desolador esse tipo de iconoclastia: não se trata apenas de quebrar uma imagem. A luta para não matar toda uma uma obra é a parte mais difícil. 

De qualquer maneira, nunca mais verei a criatura e o criador da mesma forma. O machismo é realmente um ceifador feroz: destrói corpos, vidas e boas lembranças literárias. 
As mulheres estão felizes por deixar as feministas serem duramente criticadas: poucos estão preparados para defender o movimento que deu direitos às mulheres. É por isso que o Piers Paul Read pode atacá-lo sem ser desafiado. Artigo em inglês - The Guardian Eletrônico



domingo, 22 de julho de 2018

A escabrosa vulgaridade

Eis que do comum, das massas e das multidões, emerge uma palavra espinhosa e intragável -  a tão temida vulgaridade. Entretanto engana-se o pobre ser humano que acha-se no direito de assumir a posição de que essa malfadada característica é única e exclusivamente daqueles menos abastardados financeiramente. Uma tolice das grandes!

Afirmo que não há nada menos segregante do que esse arranjo de letras. Suas mãozinhas enegrecidas tocam as almas mais iludidas para que depois personifiquem a figura do horror em trejeitos e linguajar. E por mais que esses corpos banhem-se em ouro e nobres tecidos, a fantasia não tarda a esvair-se, revelando um poço sem fundo do mais desprezível que existe: para pobres e ricos, igualmente.

O mais escandaloso nessa constatação é o quão fácil é cair nessa terra lamacenta. Porque é laborioso começar a raciocinar de forma inteligente e a alimentar-se de ensinamentos que levem a um nível mais sublime, desapegado e menos material.

A vulgaridade não está nem aí se a criaturinha tem riquezas ou vem de um berço de alta estirpe.

Coloco nesse meio aqueles que pensam e agem como intelectuais de taverna, homens e mulheres, às vezes tão jovens, que interpretam pobremente o papel que escolheram para si mesmos. É degradante, porém um divertimento diabólico para os que observam atentamente tais bufões.

O senso comum também tende a achar que a baixeza atinge as classes menos favorecidas apenas porque essas vestem-se com trajes mais baratos e de gosto duvidoso. Contudo, nisso tudo, apenas muda-se o cenário, os atores e a quantidade financeiramente investida. Pegue alguns da elite e analise-os por um certo período. A maioria estará mergulhada na indignidade, mediocridade e obscenidade em formas gourmetizadas. Chega a ser extremamente patético. Já do outro lado, as classes menos favorecidas podem muito bem mostrar exemplos de requinte. E entre esses dois universos, se for para apostar nesse digladiar, prefiro a horda comum, verdadeira e de raiz. Não aguentaria, além do já exposto, presenciar vômitos de uma nobreza aguada que contém uma gente sórdida que se acha a nata do refinamento.

O contemporâneo tornou-se bem raso e incolor. Por isso refugio-me em mundos imaginativos. Porque nessa infame realidade, até mesmo a vulgaridade está sentindo vergonha deste mundo. 

domingo, 15 de julho de 2018

Novo curso: História - Um recomeço para vida acadêmica




Bem, PASSEI e estou DEVIDAMENTE MATRICULADA NO CURSO DE HISTÓRIA. 

Voltei para a mesma universidade pública e federal de antes...

Se uma porta foi fechada, eu tinha, então, que abrir uma janela.

De modo algum desistiria de tentar obter uma segunda graduação e ter a possibilidade de mestrado e doutorado em uma área que tivesse afinidade.

Pensei primeiramente em Letras. Entretanto logo repensei... O curso nesta cidade não oferece uma opção de turno noturno, algo que a História já possui. Assim que arrumar um emprego CTPS, farei os trâmites legais para a migração, sem o prejuízo da perda de cadeiras (já que é o mesmo curso, só muda o horário).

O turno vespertino facilitará o meu trabalho home office (quando tiver demanda, se houver...), pois não tenho muito ânimo para sair de casa com os primeiros raios de Sol. Por fim, o curso de História é uma área que pode englobar, perfeitamente, muito da Literatura (a parte mais atrativa de Letras para mim).

Terei, claro, uma bocado de trabalho pela frente: montanhas de leitura, estudos e exigência de uma escrita rica. E isso lembra-me: QUE ÓTIMO QUE EU FIZ LATIM!

E que seja um caminho calmo, laborioso e cheio de recompensas!


quinta-feira, 12 de julho de 2018

Desligamento voluntário - Física Bacharelado - Finalmente!!!

Livre estou, livre estou!
Bem, hoje finalmente pedi meu desligamento voluntário do curso de Física Bacharelado. Então, estou oficialmente fora dele, sem vínculo algum com a universidade, a não ser pelo bacharel em Ciências Contábeis, que terminei com êxito por lá há alguns anos.

Nesse tempo, desde do cancelamento da matrícula, passando pela recusa do famigerado e incompetente colegiado (formado por professores que mais parecem bufões da Idade Média e mais instigantes que sopa rala de orfanato) até a saída final, chegaram-me fatos bem interessantes. Soube, outro dia, que quase todos que tiveram recusados os pedidos de matrícula entraram com novos recursos por outro colegiado (o chamado de centro) e voltaram. Dos que voltaram pelo método clássico (apesar de muitos estarem no curso pelo tempo de dois cursos inteiros), veio-me, também, que um deles (o caso mais bizarro de todos) SEQUER está frequentado as aulas. Outra, mais esperta, que também teve seu processo deferido para o plano de estudos, foi chamada para uma nova vaga pelo SISU 2018.1 e um ex-colega, vendo que a chance que lhe deram não seria suficiente para que terminasse, já tratou de ver novas possibilidades para entrar novamente.

Ou seja... Pelo que pode-se concluir, tudo não passou de uma ENORME FACHADA fadada ao fracasso. É óbvio que muitos não conseguirão cumprir o prazo do tal bilhete de ouro da segunda chance. Entretanto todo esse CIRCO serviu para constatar:

1. Os professores de física (a maioria) são incompetentes, altamente ignorantes e não conseguiriam redigir um texto que pudesse ter o mínimo de cultura e respeitabilidade. Sabem um pouco do que estudaram e recusam-se a ensinar decentemente, talvez por medo da concorrência e por essa fantasia quase sexual de que tudo nesse entulho de equações não pode ser apreendido por ensinamentos (por telepatia ou osmose quem sabe).

2. Os que ficaram são pobres iludidos...

3. A Universidade não jubilou ninguém. Um blefe daqueles. Simplesmente quem não pedir desligamento voluntário (e não tem mais um pingo de interesse de ficar nessa casa da mãe Joana), ficará para sempre no LIMBO DE SER VINCULADO E PROIBIDO DE FREQUENTAR AS AULAS.

A minha parte, já fiz... Agora é esperar por melhorias e seguir com a vida.

Como diria Carlota Joaquina - "Dessa terra, não quero nem o pó!" Incluindo muitos dos ex-colegas (e até formados!) que são interesseiros (puxadores de tapete e xeleléus) e mais falsos que uma nota de três reais.

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Saiba o começo dessa história em:

Partidas & Reflexões - Uma carta de despedida para Ciência

segunda-feira, 9 de julho de 2018

O desgosto da família (a marca da dor crônica)

A dor visita-me agora... E sendo assim, restou-me passar a maior parte da tarde chuvosa e cinza deitada e sem proferir uma palavra sobre o que se passa comigo. Ninguém quer mais ouvir, é claro! E a situação torna-se ainda mais infernal porque meus joelhos estão de uma vilania sem precedentes.

Irei ao médico especialista em joelhos na quarta-feira (a coluna fica em segundo plano e sem previsão neste momento). Porém desde já perdi as esperanças. Poderia chorar um grande oceano e implorar para esquecer de mim mesma. Desejo imensamente um  pouco de morfina.

Uma dia voltarei ao normal?

Escrever esse texto está deixando-me sem paciência e irritada, pois a coluna grita como uma gralha. Estou prestes a colapsar.

Há tempos preciso de um auxílio extra com a questão da famigerada dor crônica e, creio eu, uma das melhores alternativas seria a psicológica. Entretanto já falaram-me que só irei com meu próprio dinheiro e que depressão e tristeza são para os fracos. Estou a escutar constantemente que preciso aguentar a dor, pois fulano age assim, beltrano assim...

Eu já escrevi tanto sobre isso, contudo pressinto que ainda não consegui dizer o quanto o mundo real, nu e cru, tem feito-me um mal, levando minha sanidade e vontade de viver para a beira de um abismo.

É certo que eu sou o pior dos fracassos, a personificação dos meus medos e passado. O retrato fiel de alguém que ruiu.

Acordo e não gostaria de tê-lo feito. Eu sei que os piores momentos estão por vir. Escutarei conversas desagradáveis, falarão que eu sou um peso e que absolutamente nada do que eu fiz até hoje levou-me a lugar algum. Tento fazer um alento do único trabalho que eu arrumei após a catástrofe do curso de Física. Mas o projeto do mês continua letárgico, pois tive inúmeros problemas de saúde (incluindo o cálculo renal) e o dinheiro que me pagam, Deus, não dá para absolutamente nada!

Estou com nojo da minha própria aparência. E eu a desprezo. Possuo um corpo doente e inútil que fica atrasando a vida de outros ao redor. Tudo em mim, da pele ao dedão do pé, é de uma monstruosidade infindável.

As minhas dores não são minhas; são propriedade alheia, fazendo da vida deles um grande purgatório. Eu sei bem disso, pois são as frases do dia a dia.

Hoje é um daqueles excepcionais momentos que eu gostaria de dormir e não acordar mais. Ficaria de muito bom grado no mundo dos sonhos, onde não há males que possam machucar o meu corpo e minha mente.

Anseio por conversar com alguém que entenda todo esse pesar, que perceba quão difícil é levantar, tomar banho, ficar em pé para escovar os dentes, lavar o cabelo, cortar a unha do pé... cuidar da própria roupa...

Preciso de conforto, desses verdadeiros, desprovido de pecado.

Sinto uma tempestade, um mar revolto, uma consequência. Há tantas mágoas para alimentar esse monstro horrível...

Quero falar livremente, voltar ao dia em que assisti o Enigma do Outro Mundo (The Thing) comendo pipoca, chocolate e tomando refrigerante, apreciando uma vida deliciosamente simples, sem lamúrias.

Segundo muitos, essa é a minha pior versão: a pessoa que nunca foi bonita nem por fora e nem por dentro (e tornou-se ainda menos admirável com alguns poucos quilos a mais), que não trouxe orgulho, só um terremoto de dores de cabeça, sem um trabalho decente e digno, sem filhos e sem marido.

Eu sou simplesmente o grande desgosto da família.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Assassinos de dor



Acordei e tudo ao redor parecia redundante.  - Deus, como meus joelhos doem! E pergunto-me se as pessoas com mais de sessenta anos amanhecem melhores do que eu em relação a isso.

Os últimos três meses foram um tanto quanto complicados, começando pelos famigerados já mencionados joelhos, que romperam em dores num belo acordar de um final de abril muito aborrecido.

Fui a um médico e vi a fotografia dos meus ossos. E lá estavam eles, pobres coitados, com cara de desânimo, mas sem nenhuma lesão aparente. Cheguei em casa com um monte de analgésicos - sininhos mágicosE se o efeito for imediato, de fato, a impressão é que todas as pessoas na face da terra desapareceram e nada poderá me destruir. Entretanto, como qualquer prazer, o maravilhamento passa rapidamente. E cá estou eu, com os benditos piores e sem dinheiro, esperando a boa vontade dos que me cercam.

Como toda má sorte para mim é pouca, nesse ínterim, tive cálculo renal. Se a sensação da morte iminente fosse descrita com relativa fidelidade, essa seria a dor angustiante do final irremediável. Sem plano de saúde, fui para a emergência pública e lá mesmo fecharam o diagnóstico. Tomei derivados da morfina, e foi como ir a Lua por uma estrada de gelatina. Duas semanas depois, a maldita pedra já tinha ido para o ralo, literalmente.

O nome que mais gosto de escutar ultimamente é analgésico, cujo o significado em inglês é ainda mais forte e preciso - painkiller - o assassino de dor.

Nessa situação deprimente, o que me sobrou mesmo foi escrever... Para suavizar os tormentos. Porque receitas de remédios já se foram todas. E as drogas que eu gostaria de tomar precisam de folhas especiais que são dadas apenas uma vez a cada visita, caras e com baterias de exames.

Não tenho um vintém, meu trabalho ruim paga muito mal e meus opiáceos são difíceis de conseguir. Ou seja, tudo normal no Reino da Dinamarca.


sábado, 30 de junho de 2018

Fotografia: um arco-íris pela manhã



Bem, este é um daqueles registros inesperados... Um arco-íris pela manhã. Esta foto eu mesma tirei. Aqui temos o fundo da minha casa atual, com essa enorme mangueira.

Olhando velhas imagens, talvez eu me lembre mais dos dias em que eu não estive com dores tão fortes. E o mundo parecia bem mais agradável, como a música What a Wonderful World.

O meu último texto foi bem melancólico e um tanto raivoso. Mas não se pode acusá-lo de hipocrisia ou falsidade. Ele é genuinamente bem direcionado aos que merecem e, por vez ou outra, olham o meu emaranhado de palavras.

Penso se muito deles estão agora bem satisfeitos. Muito provavelmente. Entretanto a vida é uma grande roda gigante. E a hora de todos chega, mesmo que demore um bocado.

Enfim... Esse é um retrato bem simples. E do mesmo modo que existem aquelas pedantes fraudes  que insistem em saber e exibir-se com seus conhecimentos burgueses de música clássica e mais tudo do mundo, há a outra parcela, dita fotógrafa profissional, que enxergará milhões de defeitos, ao mesmo tempo em que se vangloriará que capturou o Sol e Mercúrio, um espírito a desencanar, as oferendas voltando do mar e Netuno com o tridente nas pedras do oceano...

Dane-se!

Pois a vida caminha sem parar. E quem já passou... Ficará para sempre na cinzas da minha boa opinião que foi perdida para sempre.

"As cores do arco-íris tão bonitas no céu..."


Foto por: T.S. Frank
Local: S...
Data: 05/02/2018
Horário: 08:55 horas
Câmera: Canon EOS REBEL T3i
Tempo de exposição: 1/25s
Velocidade ISO: ISO-200
Distância focal: 29 mm
Software de tratamento: PhotoScape v3.7

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Tolas ilusões, sábias desesperanças

A vida não passa de um grande e penoso delírio febril, um desses que remete à escravidão e ao desejo utópico de alcançar a liberdade e sentir muitos prazeres, possuir muitos amigos, amores e experimentar todas as delícias de um verdadeiro catálogo olímpico.

Alguns néscios conseguem pintá-la com um tinta dourada esfuziantemente artificial que de tão brilhante poderia muito bem cegar viajantes distantes. E, como em um grande mercado lamacento, depois vendem-se enebriados por esse ópio em uma rede peçonhenta cibernética.

Como uma estúpida mortal, eu também acreditei nesse bilhete áureo que tiraria-me do cotidiano solitário, cheio de pesar e mágoas, e colocaria-me esplendorosa nos Campos Elísios.

E... Hoje, como bem sei, esse foi o cavar de minha própria sepultura.

Devia, se fosse sábia o suficiente, ter aberto meus olhos para a minha própria realidade e escapado, a tempo, de afogar-me em pretensões mortais. Por que mantive essas figuras pavorosas, esculpidas na necessidade, ao meu redor? A resposta não me é clara e, talvez, nunca será. 

Minhas dores aumentam a cada dia, físicas e da alma. E meus algozes convivem diariamente comigo. Sinto o gosto amargo da derrota e do fracasso: é o conta-gotas do veneno que mais tarde levará-me  desse mundo. 

Minha imagem é distorcida e incrédula e para os outros sou um quasímodo, uma dúvida, uma falha, alguém odioso, que questiona até mesmo o diabo. 

Não escolho morrer, como seria o mais lógico para os desesperançosos, pois, infantilmente, ainda carrego pequenos fragmentos de esperança. Contudo tenho que conviver com os que interpretam-me mal, com os pensamentos rasos alheios, com seres jovens e espertos, reluzentes como uma pirita e que, para seus circos e de vez em quando, mandam bilhetes de reaparecimento: ou para pedir, fuçar ou mesmo exibir-se falsamente compaixosos, numa clara manifestação da imundície das suas essências.

Óh, Deus, se dessa vida não posso esperar nada de imaculadamente genuíno, ao menos, suplico-te, afasta dos meus olhos essa gente que, barbaramente, assassino e arranco o coração em pensamentos tentadores. 

sábado, 23 de junho de 2018

Auribus Teneo Lupum - Um pouquinho mais de Latim...

Segurando um lobo pelas orelhas!
(Eu seguro um lobo pelas orelhas)

Inglês: To have a tiger by the tail.
Abrasileirando: Se correr, o bicho pega, se ficar, o bicho come!


Dicionário de Latim

Auribus - plural ablativo de auris; auris f (genitivo auris/terceira declinação) - orelha
Teneō (segunda conjugação): segurar.
Lupum - acusativo singular de lúpus; lúpus m (genitivo lupi/segunda declinação) - lobo



Estudo de frase




Um problema muito difícil de resolver 

Esta frase, ou provérbio, reflete uma dificuldade que ainda precisa ser superada. Entretanto qualquer solução escolhida terá consequências perigosas. Ou seja, por vezes não há resoluções perfeitas para um problema, ou mesmo não existe solução.


Origem

[...] Auribus teneo lupum.
 [nam neque quo pacto a me amittam neque uti retineam scio.]

(Terenti, by Herbert Charles Elmer, Ph.D. Phormio, Sc. 5 [III,2], Harvard College Library, Boston, EUA, 1902, p.34)

Tradução para o Português 
(por T.S. Frank) 

Seguro um lobo pelas orelhas; eu nem sei como livrar-me dela e tampouco como mantê-la.
I've got a wolf by the ears; for I neither know how to get rid of her, nor yet how to keep her.

(Henry Thomas Riley. The Comedies of Terenti, Phormio, Sc. 5 [III,2], University of California Library, Nova Iorque, EUA, 1872, p. 331)


A História da peça Phormio (Formião)

Phormio (Formião) é uma peça cômica do dramaturgo romano Terêncio (Publius Terentius Afer, 195/185 - 159 a.C.), baseada numa representação de Apolodoro de Caristo. 

Ela tem o nome do personagem Phormio (Formião), que é um astuto parasita (uma pessoa que ganha a vida fazendo serviços para pessoas mais ricas). A história se passa em Atenas e gira em torno dos casos amorosos de dois jovens, Phaedria e Antipho, que são primos. Phaedria está apaixonada por uma harpista chamada Pamphila, porém não tem dinheiro para comprá-la de seu dono, Dorio. Antipho anseia casar-se com uma garota livre, entretanto pobre, chamada Phanium. Ela é meia-irmã de Phaedria, fato que não é de conhecimento de Antipho. Por um inteligente embate legal, Phormio consegue ajudar os dois jovens, além de extrair uma grande soma de dinheiro dos seus pais.

Fontes

Livros

Phormio - Terenti. Herbert Charles Elmer, Ph.D. Harvard College Library, Boston, EUA, 1902. Livro em inglês e Latim.
The Comedies of Terenti. Henry Thomas Riley. University of California Library, Nova Iorque, EUA, 1872. Livro em inglês. 


sexta-feira, 8 de junho de 2018

Ex Libris - O que é?

Agora o CQ&Sherlock tem seu  EX LIBRIS
Imagem: a própria T.S. Frank
Os livros podem carregar verdadeiras obras de arte em seu interior. Um dos exemplos mais clássicos está nos Manuscritos Iluminados (artigo do CQ&Sherlock aqui). Entretanto a beleza de uma obra estende-se também para os elementos pré-textuais. E é aqui que o Ex Libris destaca-se.

O que é Ex Libris?

Latim: 

Ex: preposição, "de"
Libris: de liber m (libri, genitivo); segunda declinação: livro

"[...] Ex libris é uma expressão latina cujo significado etimológico é “dos livros” ou “da biblioteca de...”, é assim um indicativo de posse bibliográfica ou uma marca de posse bibliográfica. Uma espécie de selo de propriedade, incontestável e universal, que vem colado na face interna da capa, no rosto ou ante-rosto do livro. É um verdadeiro título de propriedade que identifica os livros de uma pessoa, ou biblioteca, expressando a personalidade daquele que o possui. Há quem diga que tem força de escritura pública, pois se observa que no ex libris nem sempre se vê presente o nome do dono e, no entanto, há um respeito pelo direito de propriedade." (Brantes apud Pottker, 2006.)

A primeira vez que vi um Ex Libris foi em um livro de Gramática Latina em inglês, o New Latin Grammar For Schools and Colleges, 1903. Eis a marca abaixo:


Outro exemplo é este:

Aqui o nome do dono venho acompanhado de uma frase que sintetizou o pensamento e a personalidade desse, juntamente com uma imagem significativa.

A citação acima, em latim, fala-nos: "A vida é curta, a arte é longa." e origina-se dos escritos de Hipócrates (em grego antigo: Ἱπποκράτης/Ippokráti̱s; * 460 a.C. em Cós; † 370 a.C. em Tessália), contudo foi popularizada pelo poeta romano Sêneca. Esta mostra foi feita em Xilogravura (técnica de fazer gravuras em relevo sobre madeira).

Fontes:

Monografia: Ex Libris. Resgatando marcas bibliográficas no Brasil, Gisele Pottker
Ex Libris - Wikipédia em Português
Ex Libris - Wikipédia em Inglês



Quem leu este artigo pode se interessar por: 

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Audiopost - Tracklist Rádio das Madrugadas


Olá, queridos (as) leitores (as) e OUVINTES!
 

Tears For Fears
Isso mesmo, resolvi voltar com as atividades da categoria AUDIOPOST.

Não é a primeira vez que eu gravo a minha voz aqui. Tem um material marcado como Audiopost (clique aqui) no blog. E são mais antigos. O último (de autoria própria) foi em abril de 2011. E não estranhe, fui escutar a minha voz nas gravações passadas e ela está bem diferente (será que foi o passar do tempo e a chegada dos 30 anos?). Entretanto, vida que segue!

Pois bem, essa gravação de hoje traz um pincelada, com opiniões minhas e informações, pelas músicas um pouco mais antigas (muito familiares para o pessoal da década de 80 e 90) e que sempre estão tocando na programação da madrugada. Aqui eu falo sobre: Bee Gees, Smokey Robinson & The Miracles, B.J. Thomas, Peter Cetera, Procul Harum, Tears for Fears, Bangles, Toto e Nazareth.

Espero que escutem e gostem!

Até a próxima! 


Bee Gees

sábado, 5 de maio de 2018

A escala cinza do cotidiano

Pigmaleão e Galatea
Jean-Léon Gérôme
1890
The Metropolitan Museum of Art

"Ser estúpido, egoísta e ter boa saúde são três requisitos para a felicidade, mas se a estupidez faltar, está tudo perdido." (Être bête, égoïste, et avoir une bonne santé, voilà les trois conditions voulues pour être heureux; mais si la première nous manque, tout est perdu/ La correspondance de Flaubert‎ - Página 799, Gustave Flaubert, Charles Carlut - Ohio State University Press, 1968 - 826 páginas)

Hoje pensei sobre a felicidade alheia e como ela, essa bizarrice, parece extremamente vulgar aos meus olhos. Deus, é como ver uma amostra cotidiana de seres humanos com cérebros liquefeitos, esperando não mais que muito dinheiro (e precisa ser sempre mais do que já tem!), sexo ruim (principalmente para as mulheres), amor inexistente (por parte dos homens), filhos endiabrados (culpa de quem?) e um livro de ficção constituído de fotografias expostas aos quatro cantos do mundo.

A vida parece morrer no namoro. E pergunto-me por que insistem nesses enlaces que, segundo os relatos que chegam-me, firmam-se nas traições e num teatro patético para as famílias de ambos os lados.

Há algo de viciante na tristeza e em seus tons de cinza. Ela traz os pensamentos mais aniquilantes em versos e estrofes, destrói mitos e reconstrói muros de proteção. Por outro lado... A felicidade traz uma calmaria em tons amarelos débeis e bobos. Sorrisos que engasgam e sufocam. É, talvez, a morte da alma mais sarcástica que exista. 

Esse utópico contentamento não pode ser um estilo de vida, pois já nasce em decaimento, pronto para acabar e deixar vontades, assim como um orgasmo. Já a tristeza é fiel e ajuizada e torna-se um perigo somente ao se combinar com a vontade de morrer. 

Por esses dias trabalhei, estudei, tive insônia de madrugada e dormi muito de dia. Fiquei doente e pensei que era meu fim. Tomei muito café. E engordei mais um pouquinho. Procurei um trabalho fixo e não achei absolutamente nada. Terminei de ver a Série Terror e li os trechos finais do livro de mesmo nome (em inglês) do Dan Simmons. Faltaram muitas coisas interessantes na série que só existem na parte manuscrita e, mesmo assim, foi ótimo assisti-la. 

Ainda não recebi resposta sobre o término de mais uma demanda do meu trabalho freelance. Será um bom dinheiro neste período, maior que a quantia do mês passado. Entretanto a minha desconfiança (quase paranoica) mostra-me mãos absolutamente vazias. 

Preciso entregar meu TCC, da pós-graduação, para a correção e validação até às 23:59 horas de hoje. Muito precisa ser corrigido, segundo a orientadora, e minha coragem está em falta. Orçamento Participativo é o melhor tema que achei na Contabilidade Pública. E, mesmo assim, tem dado dor de cabeça.

Também falei para meu botões... O que separa-me dos meus ex-colegas de curso já formados em Física é só a área mesmo. No final, ficaram eles no mesmo nível que eu, pensando melhor... Estando todos nós na mesma cidade, as oportunidades reais de trabalho podem estar muito piores para as bandas de lá. 

O que seria excitante agora? De uma forma que explode na boca como coalhadas e maçãs? Admirar corpos nus? Usá-los? E depois... Se forem nada mais do que cascas vazias que não se pode manter uma conversa agradável nem mesmo para tomar um café matinal? 

Tornei-me escrava dos meus questionamentos. E não há quem resista inteiro a eles. 

Será que precisarei ser estúpida para sentir prazer nos outros? 

Necessito, urgentemente, construir outro objeto de adoração. E dá-lhe uma vida envolta por pensamentos maliciosos que podem ser desnudados todas as noites e abandonados ao nascer do Sol. 


terça-feira, 1 de maio de 2018

Crítica da Semana - Cargo/2013 - O curta

Cargo é um curta competente no que se propõe, deixando de lado os diálogos para dar vez a ações e expressões que falam diante do inevitável. É preciso salvar a carga mais preciosa de todas das garras da besta iminente - a irracionalidade do próprio eu.

Fazer um curta é de uma nobreza ímpar e, ao mesmo tempo, uma tarefa ingrata - a história deve ter seu começo, meio e fim em minutos e precisa ser eficaz como canal de comunicação entre o diretor e o telespectador.

Hoje há muito mais público para essa parte do Cinema e os festivais especializados já fazem questão de colocá-los gratuitamente. E este é o caso de Cargo (Cargo/Austrália/2013), um filme curto de horror com a temática do apocalipse zumbi, dirigido por Ben Howling e Yolanda Ramke.

Entretanto não espere que tenha mais do mesmo aqui. Você, caro (a) leitor (a), não verá muito sangue, gritos, vísceras, carnificina e outros recursos.  Seu foco é estritamente no essencial da relação humana - os sentimentos. E neste caso, teremos o amor de um pai pela filha.

O enredo é basicamente este...

Um homem, após acordar de um desmaio provocado por um acidente de carro, descobre que sua esposa morreu e tornou-se um zumbi bem ao seu lado. Desesperado, ele deixa o carro e pega sua filha, que ainda é um bebê. Ele percebe que foi mordido enquanto estava inconsciente. A partir desse momento seu destino já é certo. Contudo, antes dessa tragédia, ele precisa garantir que sua filha sobreviva.

O destaque maior é a atuação de Andy Rodoreda, o pai protetor. Ele, juntamente com Ruth Venn (a pequena Rosie), é responsável pela carga emocional do filme. Também vale destacar a bela fotografia apresentada. 

Cargo foi feito para o festival de curtas-metragens Tropfest, no qual foi finalista.

Só a titulo de curiosidade: Cargo, em inglês, é carga, assim como conhecemos mesmo, a definição para aquilo que se transporta. Pelo cartaz do filme, o nome não poderia ser mais adequado, além, óbvio, de todo o simbolismo que traz. 

Se eu fosse você, assistiria logo! Vale muito uma conferida. E faça isso antes de ver Cargo da Netflix, com o maravilhoso Martin Freeman (meu querido Dr. Watson). 

Deixo o curta, na íntegra, aqui embaixo.

Recomendadíssimo!


domingo, 8 de abril de 2018

Divindade

Apolo em sua carruagem (1685)
Óleo sobre tela
Luca Giordano
Museu de Belas Artes de Boston/EUA
Meu amor não consumado
Tinha um rosto vívido,
Cabelos feitos de Sol
E olhos do Oceano.

Criou a primavera
E o outono acarvalhado
Deixou o inverno lacrimoso
E o verão de Cassiopéia.

Era um Deus do Olimpo,
Apolo em sangue e carne.
De um sorriso abrasador
E palavras reconfortantes.

Ainda lembro-te
Parado à porta
A fazer-se efígie
Imaculada e idolatrada.

Foste de outras,
Tantas outras.
E de mim
Apenas poesia.

Perdeu-se tua figura
Que era minha morada
Apagou-se tua face,
Farol de muitas caminhadas.

Findou-se a devoção,
Assim como meus sonhos
De insanos devaneios.

Vivo agora de lembranças
Daquele que nunca tive
E que não mais sei.

Sou migalhas de utopia
De uma ingrata vida
Que fez-me só solidão.

T.S. Frank




quinta-feira, 5 de abril de 2018

Ab imo pectore

Do fundo do coração... Parece que o dias não se esforçam para emergir das águas turvas com perspectivas animadoras para a alma.

Trago em mim uma dúvida navalhante: Deus, onde estão as oportunidades de trabalho?

Ontem percebi que enviei quase cinquenta currículos para diversas agências de recrutamento. Recebi resposta alguma dessas. Só consegui, até o momento, um homework sem carteira assinada. A tecnologia para educação corporativa deu-me uma chance, não muito grandiosa, mas não deixa de ser fonte de algum dinheiro. E isso leva-me a crer que eu tenho muita capacidade. O que atinge-me é a inexistência de oportunidades. E isso é bem devastador.

Cá estou desde dois mil e onze. E aconteceram tantos fatos inenarráveis e estrambóticos. Cheguei sentido-me uma anciã de vinte e cinco anos muito incompreendida, que tornou-se refugiada nas montanhas do próprio mundo interior. Quis o destino que eu instalasse-me em um lugar bucólico e catito, um reduto para universitários e recém-formados sem um vintém (ou quase), com uma ruazinha ladrilhada por tijolos de uma época remota, uma gente bem popularesca de dia e gatuna à noite.

Nunca esquecerei-me das luzinhas amarelas débeis que pareciam abrir um portal para a era oitocentista. Tão pouco do Palacete mais acima, já desgastado, vívido de memórias e com a escada de O Mulato ainda em pé a muito custo. Os cabarés mais horripilantes ficavam por trás dessa minha moradia. A degradação moral e da alma eram vizinhas, o sujo e o vulgar. E eu só pensava: - Pobres mulheres! Por que a vida é tão ingrata para com seus espíritos e corpos?
Sim, eu estava no Desterro. Literalmente. E essa será referência para toda uma vida - exilada daqueles que do rosto não sei.

Dá-me preguiça da vida em certos momentos do dia. Ah, e como assolam-me essas passagens. Porque compõe-me as peças de um quebra cabeça muito incomum - partes modernas, à frente, e outras muito antigas, necessitando ora de uma máquina de escrever e uma vitrola, ora de um tinteiro, pena e uma estante de livros de capas de pano azuis e vermelhas com folhas amareladas.

Sofro com dores de estômago, entretanto a coluna e seus disco estragado amenizaram o ranger de dentes diabólicos por esse ciclo.

Acho que não tenho saudades do ambiente universitário. Sinto falta mesmo das conversas agradavelmente desprendidas que chegavam de surpresa, sorrateiramente e que raramente aconteciam. E vinham justamente das pessoas mais inesperadas, com suas figuras altas e esguias, de rostos delicadamente feitos por uma jovialidade quase imaculada e deliciosamente ingênua e boba.

Falta-me tanto... E a maioria trata-se de sentimentos e prazeres aprisionados, renegados, arrancados à fórceps.

Dessa semana, agradou-me sair para comprar os caprichos usuais de uma mulher. E depois tomei o café mais delicioso e espumante com uns bolinhos quentinhos e cremosos. Não deixei de notar a figura de uma moço com um rosto bonito e um pouco acima do peso, o que o fez ainda mais amável de olhar-se. Tão tímido... Lendo ali o seu livro. E assim como apareceu-me, esvaiu-se. Porque fui embora tão logo terminou a comida.

Assombra-me o pavor de não conseguir um trabalho fixo a médio prazo. É um desespero que pulsa a intervalos regulares. É uma face temerosa. Sinto-me prejudicada pela falta de conexões.

Preciso finalizar o trabalho de conclusão da minha Pós-Graduação. Tenho mais uma demanda de mapa mental. E está tudo odiosamente calmo; até o explodir dos próximos gritos de reprovação e maledicências.

Por enquanto os malditos inquisidores e toda a sorte de inimigos estão vencendo. Até quando? Não sei... Nada dura para sempre. Mesmo que esse sempre estenda-se por várias e várias existências.

segunda-feira, 2 de abril de 2018

The Gael - Main Theme from The Last of Mohicans (O Último dos Moicanos/1992) - Flauta Nativa Americana - NAF

Capa da Trilha Sonora Regravada pela
Royal Scottish National Orchestra/2000
O tema principal do filme O Último dos Moicanos (The Last Of Mohicans/1992) contou com a música The Gael, do cantor e compositor escocês Dougie MacLean, do seu álbum de 1990, The Search.

Os compositores são Trevor Jones e Randy Edelman e os condutores são Daniel A. Carlin e Randy Edelman.

Curiosamente o tema incorpora a cultura gaélica (própria da região da Escócia) e, apesar das diferenças entre os povos, caiu bem para a trilha de um filme que aborda a cultura nativa americana.

Gael (Goidel) é um termo que designa os falantes de uma das línguas gaélicas e célticas: irlandês, escocês gaélico e manx.

Gael também pode ser um nome de uma pessoa (com a variante feminina Gaelle), onde é escrito Gaël (feminino Gaëlle). Sua etimologia é incerta, pois há possibilidade de relacionar-se ao etnônimo (gentílico) Gael (Goidel) e, alternativamente, também a uma variante do nome Gwenhael (de um santo bretão do século VI).

Vale lembrar que o filme é uma adaptação de O Último Dos Moicanos (The Last Of The Mohicans: A Narrative Of 1757), um romance histórico de James Fenimore Cooper que foi lançado em 1826. Baseia-se em acontecimentos relativos à Guerra Franco-Indígena (1754-1763), aos quais foram adicionados elementos ficcionais. É uma das obras mais representativas do romantismo estadunidense.


***


Esta é uma gravação minha em minha NAF. Espero que gostem!

O Gaélico - Tema Principal de O Último dos Moicanos
Flauta (em bambu) Nativa Americana, chave em F, pentatônica
Tocada por T.S. Frank

The Gael - Main Theme from The Last of Mohicans
Native American Bamboo Flute, Key F, pentatonic, 
Performed by T.S. Frank















Trilha Principal do Filme




Canção Original 



Trilha Sonora na Íntegra no Spotify




Fontes: