domingo, 8 de abril de 2018

Divindade

Apolo em sua carruagem (1685)
Óleo sobre tela
Luca Giordano
Museu de Belas Artes de Boston/EUA
Meu amor não consumado
Tinha um rosto vívido,
Cabelos feitos de Sol
E olhos do Oceano.

Criou a primavera
E o outono acarvalhado
Deixou o inverno lacrimoso
E o verão de Cassiopéia.

Era um Deus do Olimpo,
Apolo em sangue e carne.
De um sorriso abrasador
E palavras reconfortantes.

Ainda lembro-te
Parado à porta
A fazer-se efígie
Imaculada e idolatrada.

Foste de outras,
Tantas outras.
E de mim
Apenas poesia.

Perdeu-se tua figura
Que era minha morada
Apagou-se tua face,
Farol de muitas caminhadas.

Findou-se a devoção,
Assim como meus sonhos
De insanos devaneios.

Vivo agora de lembranças
Daquele que nunca tive
E que não mais sei.

Sou migalhas de utopia
De uma ingrata vida
Que fez-me só solidão.

T.S. Frank




quinta-feira, 5 de abril de 2018

Ab imo pectore

Do fundo do coração... Parece que o dias não se esforçam para emergir das águas turvas com perspectivas animadoras para a alma.

Trago em mim uma dúvida navalhante: Deus, onde estão as oportunidades de trabalho?

Ontem percebi que enviei quase cinquenta currículos para diversas agências de recrutamento. Recebi resposta alguma dessas. Só consegui, até o momento, um homework sem carteira assinada. A tecnologia para educação corporativa deu-me uma chance, não muito grandiosa, mas não deixa de ser fonte de algum dinheiro. E isso leva-me a crer que eu tenho muita capacidade. O que atinge-me é a inexistência de oportunidades. E isso é bem devastador.

Cá estou desde dois mil e onze. E aconteceram tantos fatos inenarráveis e estrambóticos. Cheguei sentido-me uma anciã de vinte e cinco anos muito incompreendida, que tornou-se refugiada nas montanhas do próprio mundo interior. Quis o destino que eu instalasse-me em um lugar bucólico e catito, um reduto para universitários e recém-formados sem um vintém (ou quase), com uma ruazinha ladrilhada por tijolos de uma época remota, uma gente bem popularesca de dia e gatuna à noite.

Nunca esquecerei-me das luzinhas amarelas débeis que pareciam abrir um portal para a era oitocentista. Tão pouco do Palacete mais acima, já desgastado, vívido de memórias e com a escada de O Mulato ainda em pé a muito custo. Os cabarés mais horripilantes ficavam por trás dessa minha moradia. A degradação moral e da alma eram vizinhas, o sujo e o vulgar. E eu só pensava: - Pobres mulheres! Por que a vida é tão ingrata para com seus espíritos e corpos?
Sim, eu estava no Desterro. Literalmente. E essa será referência para toda uma vida - exilada daqueles que do rosto não sei.

Dá-me preguiça da vida em certos momentos do dia. Ah, e como assolam-me essas passagens. Porque compõe-me as peças de um quebra cabeça muito incomum - partes modernas, à frente, e outras muito antigas, necessitando ora de uma máquina de escrever e uma vitrola, ora de um tinteiro, pena e uma estante de livros de capas de pano azuis e vermelhas com folhas amareladas.

Sofro com dores de estômago, entretanto a coluna e seus disco estragado amenizaram o ranger de dentes diabólicos por esse ciclo.

Acho que não tenho saudades do ambiente universitário. Sinto falta mesmo das conversas agradavelmente desprendidas que chegavam de surpresa, sorrateiramente e que raramente aconteciam. E vinham justamente das pessoas mais inesperadas, com suas figuras altas e esguias, de rostos delicadamente feitos por uma jovialidade quase imaculada e deliciosamente ingênua e boba.

Falta-me tanto... E a maioria trata-se de sentimentos e prazeres aprisionados, renegados, arrancados à fórceps.

Dessa semana, agradou-me sair para comprar os caprichos usuais de uma mulher. E depois tomei o café mais delicioso e espumante com uns bolinhos quentinhos e cremosos. Não deixei de notar a figura de uma moço com um rosto bonito e um pouco acima do peso, o que o fez ainda mais amável de olhar-se. Tão tímido... Lendo ali o seu livro. E assim como apareceu-me, esvaiu-se. Porque fui embora tão logo terminou a comida.

Assombra-me o pavor de não conseguir um trabalho fixo a médio prazo. É um desespero que pulsa a intervalos regulares. É uma face temerosa. Sinto-me prejudicada pela falta de conexões.

Preciso finalizar o trabalho de conclusão da minha Pós-Graduação. Tenho mais uma demanda de mapa mental. E está tudo odiosamente calmo; até o explodir dos próximos gritos de reprovação e maledicências.

Por enquanto os malditos inquisidores e toda a sorte de inimigos estão vencendo. Até quando? Não sei... Nada dura para sempre. Mesmo que esse sempre estenda-se por várias e várias existências.

segunda-feira, 2 de abril de 2018

The Gael - Main Theme from The Last of Mohicans (O Último dos Moicanos/1992) - Flauta Nativa Americana - NAF

Capa da Trilha Sonora Regravada pela
Royal Scottish National Orchestra/2000
O tema principal do filme O Último dos Moicanos (The Last Of Mohicans/1992) contou com a música The Gael, do cantor e compositor escocês Dougie MacLean, do seu álbum de 1990, The Search.

Os compositores são Trevor Jones e Randy Edelman e os condutores são Daniel A. Carlin e Randy Edelman.

Curiosamente o tema incorpora a cultura gaélica (própria da região da Escócia) e, apesar das diferenças entre os povos, caiu bem para a trilha de um filme que aborda a cultura nativa americana.

Gael (Goidel) é um termo que designa os falantes de uma das línguas gaélicas e célticas: irlandês, escocês gaélico e manx.

Gael também pode ser um nome de uma pessoa (com a variante feminina Gaelle), onde é escrito Gaël (feminino Gaëlle). Sua etimologia é incerta, pois há possibilidade de relacionar-se ao etnônimo (gentílico) Gael (Goidel) e, alternativamente, também a uma variante do nome Gwenhael (de um santo bretão do século VI).

Vale lembrar que o filme é uma adaptação de O Último Dos Moicanos (The Last Of The Mohicans: A Narrative Of 1757), um romance histórico de James Fenimore Cooper que foi lançado em 1826. Baseia-se em acontecimentos relativos à Guerra Franco-Indígena (1754-1763), aos quais foram adicionados elementos ficcionais. É uma das obras mais representativas do romantismo estadunidense.


***


Esta é uma gravação minha em minha NAF. Espero que gostem!

O Gaélico - Tema Principal de O Último dos Moicanos
Flauta (em bambu) Nativa Americana, chave em F, pentatônica
Tocada por T.S. Frank

The Gael - Main Theme from The Last of Mohicans
Native American Bamboo Flute, Key F, pentatonic, 
Performed by T.S. Frank















Trilha Principal do Filme




Canção Original 



Trilha Sonora na Íntegra no Spotify




Fontes: